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terça-feira, maio 22, 2007

Collide



Collide
Howie Day

O amanhecer está quebrando
Uma luz está brilhando
Você está mal acordando
E eu estou enroscado em você
Sim

Bem eu estou aberto, você está fechada
Onde eu sigo, você irá
Eu me preocupo que não verei seu rosto
Ilumine novamente

Até mesmo o melhor cai algum dia
Até mesmo as palavras erradas parecem rimar
Fora da dúvida que enche sua mente
Eu acho de alguma maneira
Você e eu colidimos

Eu estou quieto, você sabe
Você deixa uma primeira impressão
Eu me assustei por saber que sempre estou em sua mente

Até mesmo o melhor cai algum dia
Até mesmo as estrelas recusam brilhar
Fora o passado, você caiu a tempo.
De alguma maneira encontrei:
Você e eu colidimos

Não pare aqui
Eu perdi meu lugar
Eu estou pra trás

Até mesmo o melhor às vezes cai
Até mesmo as palavras erradas parecem rimar
Fora da dúvida que enche sua mente
Você finalmente achou
Você e eu colidimos

Pesadelo




Nossaaaaa.... faz tempo que eu não posto nada né?!?! Que loucura... loucura é a vida...



Andei fazendo uma faxina e encontrei alguns textos que gosto muito e guardo com o maior carinho para de tempos em tempos reler... e não esquecer... vou postar alguns aqui para vocês...



PESADELO



"Quando o muro separa uma ponte une

Se a vingança encara o remorso pune

Você vem me agarra, alguém vem me solta

Você vai na marra, ela um dia volta

E se a força é tua ela um dia é nossa

Olha o muro, olha a ponte, olhe o dia de ontem chegando

Que medo você tem de nós, olha aí

Você corta um verso, eu escrevo outro

Você me prende vivo, eu escapo morto

De repente olha eu de novo

Perturbando a paz, exigindo troco

Vamos por aí eu e meu cachorro

Olha um verso, olha o outro

Olha o velho, olha o moço chegando

Que medo você tem de nós, olha aí

O muro caiu, olha a ponte

Da liberdade guardiã braço do Cristo, horizonte

Abraça o dia de amanhã, olha aí"



(Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro)



Entrevista do compositor Paulo César Pinheiro:

Como era fazer música na época do gerenciamento militar?

PCP - Olha, eu participei de movimento estudantil, e naquela época os diretórios eram células fortes dentro das faculdades. Os estudantes se reuniam e discutiam o mundo, ao contrário do que ocorre hoje. Os meninos estão sem ideal, perdidos, não sabem o que fazer. A gente com 16, 17 anos estava querendo mudar o mundo. A gente se reunia, ia para rua, brigava.A partir do momento em que comecei a gravar, já fui tendo problemas com a censura. Tive muita música censurada, discutia com o censor; um suplício porque eram muito ignorantes. Tinha uma música, também de 68, Sagarana, cuja letra eu fiz em homenagem ao Guimarães Rosa, um dos meus escritores prediletos, a ponto de chegar a dominar sua linguagem e a escrever igual a ele se eu quisesse. Fiz essa composição assim, como uma letra de música semelhante à sua literatura. Ela foi muito comentada. Partia de uma idéia inusitada, diferente, original. A censura alegou que ela havia sido escrita em linguagem cifrada, de código, e a canção foi vetada.Fui discutir na censura com um livro do Guimarães Rosa debaixo do braço. E disse para o censor: "O nome dessa música é Sagarana, por causa desse livro". Mas era muito difícil conversar com esses caras.Outra minha, Cordilheiras, ficou cinco anos presa numa gaveta de censura. Eu acabava virando uma bola de ping-pong naquele prédio da polícia federal, em Brasília, de sala em sala. Quanto mais argumentava, eles, não tendo saída para os nossos contra-argumentos, mandavam-nos para outro censor. No final, caíamos no primeiro, de novo. Era um inferno, tanto a censura federal, quanto a local, na esquina da Senador Dantas com a Álvaro Alvim. Nós escrevíamos por metáforas, fazíamos o que era possível para que a música pudesse passar.



Algumas músicas claramente contra o regime passavam, outras, que não tinham esse teor, eram vetadas. Por que isso?

PCP - Uma lupa se voltava sobre o que era dito pelas pessoas marcadas. Outras, não. Músicas de carnaval, aquelas rotuladas de "brega", sempre passavam batidas, eram carimbadas e liberadas. Certa vez aconteceu um fato curioso com uma música, minha e do Maurício Tapajós, chamada Pesadelo, que virou um hino de guerra. Quando fizemos a música, mostramos para o pessoal do MPB- 4: "Não adianta nem pensar na gravação; não vai dar nem pé". E a gente disse: "Se passar, vocês gravam?". Um pouco descrentes, eles responderam sim.Fui contratado pela Odeon e fiz um disco em 72. Comecei a entender o funcionamento das gravadoras, e via como elas mandavam as músicas para a censura. Num determinado momento, a censura nem aceitava mais a letra escrita, queriam a gravação, porque na gravação poderia conter uma segunda intenção. Então eu disse: "Olha, eu vou fazer uma malandragem. Vou mandar essa música no meio de um bolo que a Odeon sempre manda." Era um período em que havia muito material para mandar. Tinha um disco do Agnaldo Timóteo, com aquelas canções derramadas, e outras coisas românticas. Pedi a um funcionário da casa que enfiasse Pesadelo no meio desses discos. Assim, a música veio liberada. E o MPB-4 a gravou.Mesmo depois de liberada, as pessoas tinham medo de gravar, mas o MPB-4 sempre foi valente. Apesar disso, toda vez que eles cantavam Pesadelo, ninguém entendia como tinha passado pela censura. As emissoras de rádio começaram a não tocá-la.



E qual a música desse período que mais te marcou?

PCP - Pesadelo, sem dúvida. Contaram que durante a Guerrilha do Araguaia, na selva, eles cantavam Pesadelo. Dizem ter sido a música que mais ajudou, nessa fase de luta armada, a todos eles, a mais forte politicamente que a gente fez, e a única direta, sem subterfúgios, sem metáforas, que passou.



Fonte: Site www.anovademocracia.com.br