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segunda-feira, dezembro 27, 2010

O Tempo e o Amor


Embora eu ainda não aceite e não concorde, sempre reflito muito...

O Tempo e o Amor - Padre Antônio Vieira

Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. 
São as feições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. 
São como as linhas, que partem do centro para a circunferência, que quanto mais continuadas, tanto menos unidas. 
Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino; porque não há amor tão robusto que chegue a ser velho. 
De todos os instrumentos com que o armou a natureza o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira; embota-lhe as setas, com que já não fere; abre-lhe os olhos com que vê o que não via; e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge. 
A razão natural de toda esta diferença é porque o tempo tira novidade às coisas, descobre-lhe os defeitos, enfastia-lhe o gosto, e bastam que sejam usadas para não serem as mesmas. 
Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor! O mesmo amar é causa de não amar e o ter amado muito, de amar menos.

A mão que afaga é a mesma que apedreja...


Continuando os textos que amo e que guardava com muito carinho... ele que fala tudo sem rococós Augusto dos Anjos e seus "Versos Íntimos" tão verdadeiros:

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!



Canção - Cecília Meireles


Recortes de uma faxina - Textos que Amo!


Canção
Cecília Meireles - Do livro Viagem

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

Recortes de uma faxina 3


Sensação de estar vivendo tudo novo de novo...
Sensação de que já conheço essa história...
Sensação de que já sei os finais...
Podemos mudar os finais?
Por que não consgeuimos mudar os finais, os sentimentos em relação aos finais?
Por que nem ao menos conseguimos mudar os sentimentos em relação a uma rodoviária?
Pode ser que a angústia de outrora fosse o meu subconsciente já prevendo as horas posteriores...
Ou será outra previsão que fez meu coraçao?
Como desvendar sentimentos com tal complicação?
Não... tão... são... coração... distração... ação... depressão... atração... alucinação... dispersão... distorção...
É... mais misturas... confusões... palavras... apenas palavras... sem teto nem chão...

Recortes de uma faxina 2


Dia tão aguardado
Dia tao mudado
Dia tão estranho
Dia tão brando
Posso tomar um banho?

Recortes de uma faxina


Bate tão descompassado meu coração...
Não sei o que vou sentir quando sairmos por essa porta...
Não sei o que vou falar se não voltarmos e encontrarmos...
Bate tão sem rumo, tão distante...
Não respiro mais...