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domingo, abril 08, 2012

A geração WEB


É por isso que digo que o meu desejo é construir minha família na "roça"... quero crianças brincando na terra, colhendo acerolas e jabuticabas no pé, decorando a casa com flores dos jardins... machucando nas pedras das cachoeiras... salvando tatu, pássaros e lagartos... 
Engenhocas eletrônicas de rádio a super aparelhos somente com fiscalização, informação e moderação! 

Zdeneck Pracuch - Jornal A Nova Era - Março 2012

Estamos assistindo uma queixa generalizada sobre a deterioração da vida familiar. As queixas partem de toda parte. Dos assistentes sociais, das forças de segurança que sentem os efeitos cada vez maiores da criminalidade de adolescentes, mas principalmente, são os professores quem mais os sentem e são prejudicados por este fenômeno. 
Mas, será que é só a deterioração da vida familiar que empurra os jovens ao caminho errado? Será que os jovens têm maturidade suficiente para absorver tudo o que o modo de viver e a tecnologia do terceiro milênio estão colocando nas mãos deles? Refiro-me principalmente sobre a área de comunicação que, embora promova a comunicação instantânea, está afastando as pessoas cada vez mais da comunicação direta, da comunicação pessoal que permite um debate, uma troca de idéias, um respeito peças opiniões de outros, de aprendizado ao ouvir e analisar? 
Como podemos influenciar os nossos jovens, mostrando a eles a riqueza da vida espiritual, os valores intrínsecos depositados em todos nós no fundo da alma?
Estes pensamentos nasceram na minha mente durante as festas de Natal deste ano. quando recebemos no nosso lar a visita do filho caçula com os dois netos adolescentes. Ansiava por este encontro antegozando os momentos de diálogos que mantínhamos quando ainda eram pequenos e mais dependentes da gente. Mas, infelizmente, a realidade se mostrou diferente. O amor e a apreciação mútua não sofreram nenhuma mudança. Mas, o comportamento da nova "geração web" foi algo de difícil compreensão sob o aspecto tradicional da convivência.
Nada a objetar sobre a vida familiar dos netos. Pais amorosos numa dedicação exemplar, um lar tranquilo, sem problemas materiais, ou seja, um quadro a ser desejado por todos aqueles que não têm a sua volta a fortaleza de uma vida familiar exemplar. O que falta, então? Por incrível que pareça, nesta era de comunicação, o que falta é exatamente a comunicação.
Os netos, cada um com uma engenhoca própria na mão - um smartphone, um iPhone - sentado num canto ou num quarto isolado, calados, durante horas, jogando games, trocando as mensagens com os amigos distantes, divertindo-se solitariamente. A neta, ao mesmo tempo que assistia a televisão, se ocupava do smartphone. Sem sentir nenhuma falta de convívio, de compartilhar o momento agradável de visita após longo período de ausência, num lugar distante, onde havia tanta coisa a comentar, a descobrir.
Como podemos influenciar os nossos jovens, mostrando a eles a riqueza da vida espiritual, os valores intrínsecos depositados em todos nós no fundo da alma, como despertarmos neles a consciência da riqueza da vida espiritual, quando estão tão fascinados pelo aspecto material da vida, pelo apelo hipnótico das conquistas tecnológicas? Será uma tarefa difícil, árdua, mas necessária! Os educadores espíritas não podem olhar sem ação, vendo que uma geração está, por falta de uma melhor orientação, seguindo um caminho, que forçosamente a levará às frustrações e decepções como tudo que é baseado no materialismo e imediatismo da concepção "moderna" da vida.
A tarefa podia ser muito mais difícil há alguns decênios, mas hoje? Com tanta divulgação espírita? Com filmes, vídeos, literatura abundante e até telenovelas já abordando a vida após a vida e as consequências de vidas mal orientadas?
Não podemos nos omitir. É uma obrigação de todos espíritas de tentar, pelo menos tentar, encaminhar as mentes jovens numa direção que irá, com certeza, representar uma diferença profunda nas vidas deles.
Como diz aquele provérbio chinês: vale muito mais acender uma vela do que queixar-se da escuridão! Que cada um de nós acenda pelo menos uma vela!