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sexta-feira, janeiro 06, 2012

SaUdAdE...


SAUDADE

“Em alguma outra vida, devemos ter feito algo muito grave para sentirmos tanta saudade...
Trancar o dedo numa porta dói.
Bater o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, carie e pedras nos rins.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. 
Saudade do pai que já morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem estas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ele para a trabalho, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar sem vê-lo e ele sem vê-la, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber se ele continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi à consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada.
Se ele tem assistido às aulas de inglês, se aprendeu a entrar na internet, a encontrar a página do Diário Oficial, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros. Se ele continua amando Mc Donalds, se ela continua preferindo suco, se ele continua sorridente com aqueles olhinhos apertados, se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento.
Não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor 
de um silêncio que nada preenche.
É não saber se ela está feliz e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama e ainda assim doer.
Saudade é isso que eu estive sentindo enquanto escrevia e o que você provavelmente esta sentido agora depois que acabou de ler.”

Alguns dizem que o texto é de Marta Medeiros, outros afirmam que é de Miguel Falabela. Mas isso tanto faz, o que importa é o quanto esse texto é lindo e bem verídico. 
Como saudade dói! Todas as saudades doem muito. Não sei se existe uma que dói mais ou menos, dói mais a que você está sentindo naquele momento, que parece nunca ter fim.
Mas uma das mais difíceis é a saudade de quem já está em outro plano, outra dimensão... Minha avó sempre dizia "Filha, vá, mas não esqueça de me ligar, dar notícias. A saudade é de quem fica e não de quem vai. Quem vai tem um mundo novo a descobrir. Quem fica fica no mesmo mundo só que com um pedaço a menos. Saudade é de quem fica!". E é por isso, entre tantas outras coisas, que eu sinto tantas saudades da minha avó, sábia avó, exemplo avó, amor avó.