Chega um dia em que simplesmente você pára por um instante e sente uma gotinha de sangue correndo pelas veias... ela corre devagarinho... e há muito tempo você não sentia... e derepente dá um click em seu coração e em sua cabeça e você sente que esta pode ser a última gotinha... que se deixar ela parar pode ser que não exista mais vida... e os sentimentos e o desejo de sobrevivência dão fôlego novo à gotinha que corre e tira a primeira venda que é a dos olhos, e você consegue ver milhares de oportunidades à sua frente, mas que a maldita venda não deixava... a visão dá mais forças ainda à gotinha que tira o algodão dos ouvidos e permite que eles ouçam e acreditem nos elogios que recebem! E não eram poucos... e eles existiam... não das pessoas que a gotinha outrora desejava, mas de alguém realmente sincero... a gotinha torna-se cada dia mais animada e corre para tirar o que amordaçava a boca... é que a ligação entre a boca e os ouvidos é muito grande, porque depois de infinitos elogios feitos pela boca e nunca retribuídos ao seu amigo ouvido, que nunca foram agraciados com nenhuma palavra doce, a boca sente o amargo da insignificância e se fecha também... agora a boca já consegue expressar suas idéias novamente... mas as idéias precisam de tempo... e o tempo é relativo... pode ser longo ou curto... horas ou segundos... dependem unicamente dos sentimentos... mas quem são os sentimentos? Os sentimentos são os pais dos olhos, dos ouvidos, da boca e das idéias... se seus filhos estão funcionando normalmente, por mais triste e magoado que estivessem os Pais Sentimentos eles se reconstroem imediatamente! Porque são movidos a amor... e amor só é completo quando é recíproco... Ainda bem que pude sentir a minha última gotinha a tempo...
Ellen Cristina Aguiar Souza
22h10min.
